sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Com seqüências

Lehgau-Z Qarvalho
Bem, os tempos se vão. O ano começa e se esvai com cirúrgica precisão. Teríamos orgulho de nós se admitíssemos mais nossas contradições, e conversássemos com nossa intuição. Mas estamos no mar, em meio à imensidão.

Sim, os tempos se perdem. Despem-se, se acham, se permitem os corações. Mas os tempos imperam. E as linhas tênues esfacelam-se por completo. Entre o não ter chão e a falta de teto.

Os tempos oprimem. Reprimem e desopilam. Desalojam. E as decisões? Sejam elas montanhas ou gotas de asfalto, o tempo aproxima, o tempo separa, o tempo é ritmo e domina: é meio tenor; meio-soprano; meio contralto.

Das oferendas algo sempre se tira.

Mas de um ano para outro, a sensação que se tem é de um estar eterno em frente à mira.

Seis tempos depois, bem lá no meio, vira-se morfina.

E o igual tempo a seguir, quando outra vez nos damos por nós, encontramo-nos de novo a vagar, flutuando no mesmo imenso mar.

E o tempo: resina.