Lehgau-Z Qarvalho
E eram só impossibilidades. E eram apenas desencontros. E nascido haviam para nunca se encontrarem. A rosa dos ventos era prova cabal. Um mundo de um tamanho descomunal. E nem o tempo fora companheiro. E nem os dias foram dias inteiros. Mas a vida agiu. O mar levitou. As ondas trouxeram e levaram e trouxeram e levaram. E alguns ciclos se fecharam. E outros explodiram. E o que não era para ser, foi. E eles se encontraram. Malditamente se encontraram. Utopicamente se encontraram. Estranhamente se encontraram. E àquela altura dos fatos, a vida já era peça pregada, para ambos. E restava-lhes apenas os desencontros. E restava-lhes apenas as impossibilidades. E precisavam de uma outra vida, mas não dispunham. E precisavam um do outro, mas não sabiam. E se amaram. E mesmo assim se amaram. Mas nunca se viram. Nem nunca se tocaram. E os dias se passaram. E as noites se seguiram. E no peito a dor levaram, para o resto de seus dias. Para as suas poucas vidas; suas parcas alegrias.
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6 comentários:
Lindo "desencontro latente" (amei a expressão!). Não vou nem falar da qualidade poético-literária do texto (fala por si: belíssimo!), mas da carga emocional contida e emanada. Não me foi possível ler sem arrepiar-me (e não é mera força de expressão), sentir uma aceleração repentina das funções vitais e perceber o nó entalado em minha garganta. Preciso dizer... fui às lágrimas...
BRAVO!
man, e eu que nem imaginava em ti um desses romênticos das distâncias líquidas hehehehehe
vamos começando bem, hein?
Dolorosamente belo. Dói bem fundo.
AiAi.......................
***suspiro***
Muito bom! Amor líquido. Ótimo começo.
GRande abraço, Reimer
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