segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

À um futuro do passo

o tempo fecha em branco,
o estrelado do aniz em dente quebrado,
ela apanhou na coxa,
ele escapou por um triz.

houve tumulto
não foi susto, foi circo
não foi assunto, foi piso
ele achou melhor só ir indo
ela não foi junto
há quem diga
"mereceu a putinha"
há quem diga
"quero bater também"
há quem diga
"parece que ela rouba aqui todo dia"

há a bunda dela aparecendo da calça caída
não é sexie
é despedida
é crack porque não tem cocaína,
não é sexie
é a porcaria saindo do nariz
donde há de julgar os vivos e os mortos.

lá atrás ele ia
ela escapa do círculo
anda cinco minutos comigo
eu finjo que não ligo
porque a adoção me mataria
bem longe ele vai indo
ela com a vida mancando ainda grita
....me ajuda....espera me ajuda....
como quem ajuntasse a esperança
do esporro.

à um futuro do passo
somos noivas russas
pirateando a pradaria.

francieli spohr

2 comentários:

Alexandre Carvalho disse...

Hei Blogadita!

Poesia com sotaque (“ir indo”): gostei muitíssimo!!
Só para quem sabe :)


Outrossim:

“à um futuro do passo
somos noivas russas
pirateando a pradaria.”

Lapidar!
Prolfaças, pois...

Edgar Aristimunho disse...

Eae, guria
Estamos aí, a três passos
Em compasso